Uma rede sendo tecida por muitas vozes
A falta de informações precisas sobre barragens de rejeitos minerários, desde a localização, até o grau de risco que apresentam, tem sido a maior queixa dos moradores das vizinhanças dessas bombas-relógio. Se os dados existem, não são compartilhados adequadamente com a população, gerando um clima de insegurança constante, aguçado pela tragédia de Brumadinho.
Esta é uma das principais justificativas do Projeto Soa Sirene, coordenado pelo Coletivo MICA. A Rede objetiva construir canais de comunicação entre habitantes de comunidades próximas a barragens de mineração, de modo que as informações sejam compartilhadas com o maior número de atores possível.
O Coletivo MICA promove ações para atingir os objetivos da Rede, entre as quais oficinas para formação de comunicadores populares. Os conteúdos abrangem diversas técnicas jornalísticas (pauta, apuração, redação, edição), introdução a fotografia, video e curadoria de redes sociais.
A Rede já está sendo tecida em algumas localidades: Mariana (MG), Areal (Distrito de Regência no Espírito Santo), Antônio Pereira (Distrito de Ouro Preto, MG), Congonhas (MG), Brumadinho (MG).
Vinte e três estudantes da Escola Estadual que leva o nome do distrito, participaram de oficinas de formação de repórteres populares. De 8 a 26 de abril os alunos realizaram exercícios práticos de construção de pautas, técnicas de entrevista, redação e fotojornalismo. A temática eleita foi a mineração que assombra os moradores da região, a depressão causada pelo medo e pela falta de informações e , ainda, a qualidade de vida do distrito.
A Saúde física e mental dos moradores de Brumadinho e demais comunidades atingidas pela Barragem do Feijão está entre as pautas levantadas pelos participantes das oficinas ministradas na sede do Coletivo Amigos de Brumadinho, dias 13 e 14 de abril. A ausência de informação segura da parte do poder público e da mineradora está entre as principais preocupações dos atingidos. As pessoas se perguntam sobre alternativas de emprego e renda para a localidade, por exemplo.
A atividade foi bem recebida não só pelos moradores, mas por ativistas e colaboradores, como exemplifica a fala de Gabriel Parreira, membro do coletivo Amigos de Brumadinho. Ele considerou a oficina sobre Direito á Comunicação muito produtiva e ponderou: "Acho que revela algumas coisas que ficam ocultas pra gente, tanto sobre o direito à comunicação, quanto para perceber que os que menos precisam falar são os que mais têm poder de fala".
Confira o vídeo com os participantes da oficina
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